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á meses ansiava por aquele dia, o
encontro tão aguardado estava à poucas horas de mim, imaginava como seria a
cidade, como seria a moça desconhecida, tudo seria novo para mim. Cheguei na rodoviária radiante,
comprei a passagem com o riso estampado no rosto. Minha primeira decepção veio
em seguida, ao entrar no ônibus não havia mais cadeiras vagas para eu sentar,
dentro dele encontrava-se um amontoado
de pessoas, todas indo em pé, inclusive eu, lembrei-me do transporte de certos
animais, cuja semelhança era imensa, assim parecíamos ser tratados pela empresa
de ônibus que nos levava, como animais. A viagem durou cerca de 3h30min, logo
ao entrar na cidade percebi a quantidade de buracos que nela tinha, nessas
alturas, já sentado, coloquei o rosto fora da janela, não havia calçamento,
tudo era piçarra, vi crianças descalças brincando com um porco, lixo
perambulando em volta, percebi o pior de tudo, não havia uma rede de esgoto.
Havia sofrimento no olhar daquele povo, perguntava-me onde se encontrava o
prefeito daquela cidade, revoltei-me, quer tipo de ser humano perverso deixaria
um povo vivendo naquelas condições? Seria humana uma criatura assim? A cidade
parecia esquecida no tempo, parada, jogada ao acaso, e ninguém fazia nada para
mudar aquilo tudo. Perversos são os homens, que maltratam seus semelhantes.
Cheguei na rodoviária da cidade, ao reconhecer minha linda namorada acenando
para mim, não me segurei, desci correndo do ônibus, a abracei bem firme, nos
beijamos longamente pela primeira vez e esqueci de tudo que tinha visto.
Percebi então a felicidade daquela gente. E esqueci que a cidade era amarela. (Ítalo
Lima – 15/04/2013)